sábado, 9 de outubro de 2010

Governo adia por 7 meses decisão sobre os Correios

Com risco de demitir funcionários às vésperas das eleições, governo evita conflito e prorroga contratos de franqueados

Karla Mendes / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Para eliminar o risco de ter um apagão postal e um contingente de 35 mil trabalhadores com aviso prévio no período que antecede o segundo turno das eleições presidenciais, o governo decidiu editar uma medida provisória que prorroga os contratos das franquias dos Correios por sete meses.

O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Comunicações, José Artur Filardi, para "assegurar a continuidade da prestação de serviço à população". Os contratos seriam extintos no dia 10 de novembro, mas diversas liminares obtidas pelos franqueados impedem a continuidade do processo de licitação para contratação de franquias.

Segundo o ministro, a medida foi proposta por ele e pelo presidente dos Correios, David José de Mattos, e aprovada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também participaram da reunião, realizada ontem no Palácio do Planalto, o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams; o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo; o ministro interino da Casa Civil, Carlos Eduardo Lima; e o subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Beto Vasconcelos. "É a única forma que temos para não correr o risco (de interrupção dos serviços dos Correios)", disse o ministro.

Os Correios têm 4.424 franquias, das quais apenas 227 tiveram os processos de licitação completamente concluídos. Segundo o Ministério das Comunicações, outros 504 pontos estão com licitação em andamento e em 519 casos os franqueados conseguiram liminares que suspendem as licitações.

A prorrogação dos contratos torna desnecessária a aplicação do plano de contingência dos Correios, de R$ 426 milhões, que previa 450 novas agências, 3,5 mil guichês de atendimento, contratação de 5 mil pessoas, locação de 1,3 mil veículos e compra de 5,2 mil equipamentos.

Aviso prévio. Se os contratos não tivessem sido prorrogados, na segunda-feira cerca de 35 mil trabalhadores das franquias postais em todo o País receberiam o aviso prévio. Isso porque, com o prazo anterior de 10 de novembro para a extinção dos contratos firmados sem licitação, esses funcionários teriam de ser comunicados da dispensa do serviço 30 dias antes, como prevê a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Uma fonte disse à Agência Estado que esse teria sido o principal motivo do adiamento do embate com os franqueados para depois das eleições.

Esse risco iminente, aliado à possibilidade de interrupção dos serviços à população, também sensibilizou a Justiça, que já concedeu mais de 50 liminares prorrogando os contratos de franquias em todo o País. Uma das mais recentes foi a obtida pela maior franquia no País, a ACF Anchieta, em São Paulo. Na decisão, a juíza substituta Fernanda Soraia Pacheco Costa, da 23.ª Vara, determinou a prorrogação do contrato até que seja realizado o processo de licitação para substituir o contrato atual.

Rebeca Andrade de Macedo, advogada da ACF Anchieta, diz que a lei estabelece que os contratos devem ser extintos depois da entrada em vigor dos contratos firmados por meio de licitações. "Não é só ter a licitação. Os contratos têm de entrar em operação, pois não pode ter pausa na prestação do serviço público."

O advogado da Associação Brasileira de Franquias Postais (Abrapost), Marco Aurélio de Carvalho, disse que a iniciativa do governo é bem-vinda, mas não resolve o problema. "Para estancar o problema de vez, só com a republicação dos editais."

Fonte: ESTADÃO.COM.BR


Um comentário:

  1. Achei muito interessante os comentários desta noticia no Estadão, segue:

    1º Comentário
    O Brasil parece continuar sendo o Brasil mesmo!

    Na verdade, esta prorrogação custará aos Correios, em sete meses, mais de 300 milhões de reais de comissões sobre vendas repassadas a franqueados, especialmente os 20 maiores, que brifam a imprensa e desenvolvem o lobby no Congresso e no Governo, retardará a extinção de contratos ilegais, impedirá a ECT de buscar novos parceiros, num modelo transparente e legal, enfim caminhará no rumo de atropelar a Constituição e a Justiça em nome do poder econômico.
    Mesmo o plano de contingência custaria menos do que recebem os franqueados, mas isto não interessa dizer, afinal deve parecer que uma decisão exdrúxula dessa atende a todos. Tenho pena de nossas fracas instituições (STF, TCU, CGU, Ministério Público etc), atropeladas mais uma vez por uma decisão do executivo. A continuar assim, precisaremos cada vez menos delas. É só perguntar ao grande chefe de plantão para que lado apontar as velas e pronto!
    Cuidado imprensa e cuidado leitores, pois a história pode ser diferente do que dizem os releases oficiais que alimentam as matérias.

    Resposta:
    O Brasil parece continuar sendo o Brasil mesmo!
    Para todos os que, ao passar dos anos, ouvem falar de franquias dos Correios, associadas à lobby, à contratos ilegais, em comissões, coisa e tal, seria importante saber mais a respeito. Por exemplo:
    - Participação da Franquias nas Receitas e Comissões em 2008, dados estimados
    Receita Total ECT 11,000 bi
    Participação ACF's 4,700 bi
    Comissão paga p/ACF´s 860 mi
    em percentual 18%
    - Qual o custo da rede própria de atendimento e qual a receita que essa rede leva para os cofres da empresa ? Será que esse percentual é menor que os 18% pagos às ACF´s ? Tenham em conta que em média um funcionário em início de carreira custa para a ECT, com todos os encargos e benefícios, cerca de R$ 4.000,00/mês. Será que ele retorna a receita/ano de R$ 260.000,00 ?
    - Mais de 60% da receita originada da atuação da rede franqueada advém do mercado concorrencial, (encomendas, impressos, mala direta, etc) onde os players são em sua maioria grandes empresas internacionais.
    - No ano de 2002 a ECT lançou uma licitação para 3.000 ACCI (agencias instaladas dentro de outros negócios para atendimento de varejo). Nós franqueados, por conhecermos o negócio, apontamos à direção dos Correios, tal como estamos fazendo agora, que o negócio era inviável. Os pontos desertos foram cerca de 2.700, pois, como agora, os editais estavam tão fora das possibilidades de sobrevivência que somente cerca de 300 desavisados se apresentaram e um ano depois a empresa foi obrigada a rever o percentual de remuneração, que foi elevado de 16% para 25,65%. E mesmo assim, hoje são pouco mais de 150 ACCI que estão abertas !
    - O presente edital para AGF´s é tão “esdrúxulo” que além de dizer (contra a Lei das Licitações) que não apresenta o cálculo de equilíbrio econômico financeiro por ser esse um negócio novo (???), reduz comissões e tira do portfólio de serviços passíveis de serem prestados pelas novas AGF´s, por exemplo, mala direta postal, o qual na cidade de São Paulo, 95% da receita é originada em ACF´s !?!?
    - Esse plano de contingência que “custaria menos do que recebem os franqueados” levará quanto de receita para os cofres da ECT ?
    - Quais os “ novos parceiros, num modelo transparente e legal” ? As MTA’s ? Será que para a economia do país não é mais saudável 1400 agencias atendendo, e bem, na periferia das grandes cidades e no interior, do que uma grande empresa que daria “transparência e legalidade” ?
    - Concordamos plenamente com sua última frase
    “Cuidado imprensa e cuidado leitores, pois a história pode ser diferente do que dizem os releases oficiais que alimentam as matérias”

    ResponderExcluir

O Blog é o seu canal de relacionamento para troca de informações e experiências sobre a trajetória de luta da rede franqueada.
Por isso, é muito importante que você continue expondo sua opinião neste espaço democrático.
E para que o Blog reflita fielmente os anseios e opiniões da rede estabelecemos critérios para a liberaçao de posts:
Aprovamos comentários em que o leitor expressa suas opiniões. Comentários que contenham termos vulgares e palavrões, ofensas, dados pessoais (e-mail, telefone, RG etc.) e links externos, ou que sejam ininteligíveis, serão excluídos. Erros de português não impedirão a publicação de um comentário.
O objetivo é tornar este espaço aberto a todas as pessoas que desejam expor suas colocações com seriedade e para que essas opiniões possam ser motivo de interação por parte de outros membros. Ao mesmo tempo, evitar que mensagens com insultos, ofensas pessoais ou, ainda, com conteúdo de baixo calão sejam reproduzidas neste espaço.
Os comentários dos leitores não refletem as opiniões do blog. Comentários que citam nomes de colegas franqueados só serão publicados com autorização dos mesmos. Todos os comentários serão analisados pela equipe de comunicação antes de serem publicados
e-mail para contato: acf.correios@gmail.com