sexta-feira, 30 de julho de 2010

Troca nos Correios foi feita para tentar blindar Dilma

Receio era que crise na estatal fosse explorada pela oposição na campanha

PMDB não participou do processo, coordenado pelos ministros Erenice Guerra, Paulo Bernardo e Alexandre Padilha

O governo decidiu trocar o comando dos Correios num esforço para evitar que a crise na estatal contamine a campanha eleitoral na reta final e seja usada pela oposição, principalmente na propaganda de TV, contra a candidata petista Dilma Rousseff.

A demissão de Carlos Henrique Custódio da presidência da empresa foi publicada ontem no "Diário Oficial da União". David José de Matos tomou posse no seu lugar. Pedro Magalhães, diretor de gestão de pessoas, deve ser exonerado hoje.

Custódio foi demitido anteontem momentos depois de ter participado de uma cerimônia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O tucano José Serra já explorou os problemas da estatal na campanha. "Você coloca lá uma direção que não tem nada a ver e os Correios desandam", disse ele, em visita ao Tocantins, na terça.

Entre os problemas enfrentados pela empresa estão: atraso na entrega de correspondência, na realização de concurso público e nas licitações para franquias.

Em novembro acaba o prazo para que a estatal faça licitações -1.400 agências podem fechar. Franqueados estão descontentes com as condições que o governo colocou no edital para que continuem com as agências.

O site do PSDB tem destacado o tema com a informação de que os Correios fizeram cartilha com dicas para candidatos conquistarem votos, como mostrou a Folha.

A operação para "blindar" Dilma, que seria cobrada pela má gestão nos Correios por se apresentar como gerente do governo Lula, incluiu descartar o PMDB na decisão de demitir o chefe da estatal.

A cúpula do partido no Senado, que controla indicações na estatal, soube pela imprensa da demissão.

A condução do processo foi criticada pelo PMDB no Senado. Há a preocupação de que prejudique a campanha de Hélio Costa (PMDB) ao governo de MG -Custódio foi indicado por Costa.

A Folha apurou que o ministro das Comunicações, José Artur Filardi, foi avisado só no dia pela ministra Erenice Guerra (Casa Civil) que Custódio seria demitido.
Erenice, Paulo Bernardo (Planejamento) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) conduziram o processo. David Matos foi indicado por Erenice, que trabalhou com ele na Eletronorte.


ANDREZA MATAIS
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA

LETÍCIA SANDER
DO PAINEL
Folha de São Paulo

Fonte: ClickSergipe