quarta-feira, 12 de outubro de 2011

As particularidades da guerra sindical nos Correios

O Estado de S.Paulo

Bastidores: Rui Nogueira

Embora o governo se queixe dos sindicatos e os sindicatos se queixem do governo, acusando-se mutuamente de intransigência, a greve que paralisou os Correios por quase um mês tem particularidades que marcam o movimento. São questões relevantes, mas difíceis de enxergar no discurso dos líderes sindicais.

No movimento, há reivindicações por aumentos de salário e outros benefícios econômicos e sociais, mas a mobilização da greve foi puxada por um discurso que virou, desde o início do ano, uma guerra surda com o Ministério das Comunicações e uma queda de braço do governo Dilma com os sindicatos dos Correios.

Se dependesse única e exclusivamente delas, as lideranças sindicais dos Correios não renovariam as concessões para as agências franquiadas e criariam uma empresa aérea genuinamente estatal para operar a logística do serviço postal noturno da ECT. Os sindicatos consideram as franquias e a empresa mista de logística que o governo quer criar "verdadeiras portas para a futura privatização dos Correios".

O Judiciário mandou a ECT, ainda no governo Lula, fazer licitação para entregar agências franquiadas aos interessados - mesmo para quem já explora esse negócio. Os sindicalistas queriam que o governo aproveitasse a decisão judicial para tomar de volta as franquias, botando a ECT como operadora dessas agências. No caso da empresa de logística, os sindicatos querem que o governo seja dono de uma frota de aviões cargueiros e contrate pilotos e mecânicos.

Assim que assumiram, a presidente e o novo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, bateram o martelo sobre os dois assuntos: as franquias são necessárias, não são embrião de privatização nenhuma e ajudam a tornar mais capilares e mais eficientes os serviços dos Correios. O braço de logística planejado é uma associação da estatal ECT com uma empresa aérea privada.

É isso que incomoda os sindicatos ligados à CUT e ao PT. É isso que facilita o discurso dos sindicatos ligados ao PSTU, Psol e PCO.

Nulidades partidárias, mas com voz irada e amplificada pelos caminhões com jeito de trio elétrico sindical que estacionam à porta do prédio das Comunicações.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR

9 comentários:

  1. Infelizmente, muitas dessas nulidades influenciaram demais no último edital apresentado. Esperamos que o próximo seja menos radical, partidário e irado e mais pragmático, comercial e social.

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  2. Não posso deixar de declarar aqui que não é verdade que não queremos os tercerizados. Isso é coisa da liderança dos sindicatos, não me sinto representado por eles.Os franqueados são indispensaveis hoje para a ECT. Nosso problema nunca foi com eles, nosso problema é outro e passou da hora das lideranças brigarem só pelo que nos interesa.
    João Osório-RJ

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  3. Uma greve desta, que poderia perfeitamente ser evitada (a soma de valores gastos com a contingência certamente seria suficiente para melhorar a proposta econômica atender parte da reivindicação da classe, demostrando aos trabalhadores a intenção de melhorar os salários), coloca a opinião pública contra a ECT e conseqüentemente, faz surgir na população o sentimento equivocado de que a privatização é a solução.
    Além disto, a desfiliação dos dirigentes sindicais de todo e qualquer partido político daria mais legitimidade as campanhas salariais.
    Entendo que os trabalhadores (quando falo de trabalhadores falo dos que honram o adjetivo, cumpre primeiro com suas obrigações para depois brigar pelos seus direitos) são sempre massa de manobra dos que se dizem representar a categoria.
    A propósito onde estão os nossos antigos representantes filiados ao PT?

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  4. Inclusive, Sr. João Osório, as franquias são, naturalmente, o caminho trilhado por muitos ex-ecetistas para continuar no mercado de trabalho, após a aposentadoria.

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  5. Tá muito fácil jogar toda essa responsabilidade nas costas do sindicato, não é a unica verdade nisso tudo, os problemas das franquias de 2005 em diante sempre foram com os tecnicos da ECT e que na sua maioria nem mesmo sindicalizados são, basta pegar o histórico.
    Em função das mudanças internas na ECT muitos desses tecnicos estão em "hibernação" ou não????

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  6. Bom, o que eu sei é que o edital que nos foi apresentado era um primor de absurdos, amplamente prejudicial aos franqueados e, pasmem, também à ECT e, principalmente, à população. Coisa de gente, não apenas incompentente, mas irada, como foi dito acima.

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  7. Temos que torcer para soluções com a gestão que esta atualmente nos Correios, as leituras que fazemos entre Abrapost x Correios tem deixado uma boa impressão nas negociações, o melhor é aguardar e torcer para aqueles que estão em "hibernação" que continue.

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  8. Apenas uma complementação sobre "Ex-ecetistas" prestando serviços nas ACF's.
    -Não são apenas os aposentados, muitos são proprietários, nos dois casos não existe nada em desacordo., pelo contrário tenho absoluta certeza que essas pessoas trouxeram para as franquias uma enorme contribuição nos quesitos financeiros/operacionais/informativos..ect...

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  9. Isso é verdade. Se a pessoa trabala ou já trabalhou para a ECT, sempre dou preferência na hora da contratação. E, como eu, a maioria, se não todos os franqueados, age assim.

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