domingo, 7 de agosto de 2011

Entidades pedem que reestruturação dos Correios garanta emprego de funcionários

Idhelene Macedo

Representantes de funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) pediram ontem, em audiência pública na Câmara mudanças na Medida Provisória 532/11, que moderniza a estrutura da estatal. O objetivo é garantir, no texto, garantias de que os atuais empregados não sejam demitidos com a reorganização administrativa.

Na audiência promovida pela Comissão de Trabalho, o secretário-geral da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares, José Rivaldo da Silva, afirmou que a categoria é favorável à modernização e ao aumento da lucratividade da empresa, mas destacou que as mudanças estão sendo promovidas pelo governo sem a participação dos funcionários. Entre outros dispositivos, a MP, que tranca a pauta do Plenário e deve ser votada na semana que vem, define que a ECT permanece como empresa pública, mas com gestão similar à de sociedades anônimas.

“Não há garantias, do ponto de vista legal, do emprego. Hoje, você pode dizer que vai ter uma empresa forte, que vai garantir os empregos, mas amanhã você pode transferir serviços, na lógica do lucro, esquecendo o papel social dos Correios. Com isso, podemos ter a redução do quadro de funcionários. Apoiamos as medidas que modernizam a ECT, mas queremos a garantia do emprego dos que já estão lá, e de concurso público para novos funcionários”, defendeu José Rivaldo. A opinião foi compartilhada pelo presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), Luiz Alberto Barreto, entidade que representa 6 mil empregados.

Relatório - Relator da MP, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) destacou que tanto governo quanto os funcionários da ECT concordam com a manutenção do monopólio estatal para os serviços postais e reconheceu as divergências quanto às garantias trabalhistas. Jardim prometeu analisar as sugestões dos trabalhadores. “Normalmente, a legislação não entra nesse nível de detalhes. Você não pode fixar para nenhuma das empresas um quadro mínimo. Mas nós vamos analisar e ver de que forma essa preocupação pode ser mantida por meio de uma emenda aditiva ou de qualquer outro dispositivo”, disse.

Outra preocupação dos empregados da ECT são os apadrinhados. Mesmo sob protestos de sindicalistas presentes na audiência, a representante do Ministério das Comunicações, Luciana Cortez, afirmou que as indicações para os cargos são feitas com base em critérios técnicos. “Não existe qualquer tentativa ou utilização da empresa para favorecer apadrinhados políticos ou de outra espécie”, destacou.

Presidente nega mudanças estruturais previstas em MP

O presidente da ECT, Wagner Pinheiro, negou que a estatal será privatizada com as mudanças estruturais trazidas pela Medida Provisória 532/11. Ele destacou ainda que não haverá alterações com relação aos trabalhadores, que continuarão sendo admitidos por meio de concurso público e regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT - Decreto-Lei 5.452/43).

Pinheiro esclareceu que a MP possibilitará à ECT novas frentes de atuação, tornando a empresa mais transparente e preparada para oferecer bons serviços à população. O texto em análise na Câmara autoriza a ECT a operar no exterior, comprar empresas ou deter participação acionária em outras companhias, criar subsidiárias e operar serviços de logística integrada, financeiros e postais eletrônicos. (IM)

Fonte: Jornal da Câmara

3 comentários:

  1. A competição esquenta no mercado de encomendas

    Armadas com tecnologia, empresas usam expansão do e-commerce para ganhar mercado dos Correios

    O crescimento vertiginoso do comércio eletrônico no País mudou a cara do mercado de entregas expressas. Na era do varejo online, não basta apenas entregar, é preciso também estar preparado para informar ao consumidor final todos os movimentos da mercadoria adquirida. No vácuo da lenta reação dos Correios a essa nova realidade, empresas privadas agiram rápido e investiram em tecnologia, abocanhando parte de um mercado que o gigante público dominava quase sozinho.


    Nilton Fukuda/AEEstratégia. Centro de triagem da Direct, em Barueri: busca de agilidade na expedição é um desafio do setor
    Apesar de ainda serem líderes no transporte de pequenos pacotes - de até dez quilos -, os Correios perderam espaço ao não dar a devida importância ao "meio do caminho". Hoje, varejistas querem informar o status das compras em seus sites, por e-mail ou SMS. "A vantagem dos Correios é a abrangência nacional. Mas a informação sobre a carga está abaixo da média do mercado - e a resposta a eventuais problemas é mais lenta", diz um executivo do setor.

    Enquanto os Correios tentam corrigir suas ineficiências, empresas como a Direct Express apostam alto no atendimento ao e-commerce. A empresa foi alvo de um dos primeiros processos de fusão e aquisição no segmento de encomendas de pequeno porte. Interessada em abrir um novo mercado, a Tegma - conhecida pelo transporte de automóveis zero quilômetro para montadoras - comprou 80% da Direct em março deste ano, por R$ 77 milhões.

    De acordo com Enrico Rebuzzi, diretor-geral e um dos fundadores da companhia, o negócio deu à Direct mais fôlego para financiar a própria expansão. No ano passado, o faturamento da companhia cresceu 60%, atingindo R$ 130 milhões. Até o fim de 2011, a Direct investirá R$ 15 milhões na renovação da frota e na automatização da separação de encomendas. O executivo conta que a mudança do perfil dos produtos vendidos pela internet, com o crescimento da fatia dos eletrodomésticos da linha branca, motivou a compra de veículos de maior porte. Com a nova esteira de triagem, a capacidade de manuseio de pacotes da Direct vai dobrar, subindo para 100 mil unidades por dia.

    A Direct Express também colocou tecnologia nas ruas. Cada entregador recebeu um aparelho móvel com rádio e conexão à internet para informar à central eventuais dificuldades no destino. Esse trabalho de rua responde, segundo Rebuzzi, à expansão do varejo online na classe C. "Hoje, as entregas saíram da rota onde só há prédios com porteiros. É preciso saber improvisar e entregar o pacote no vizinho, caso seja necessário", explica. O executivo conta que há dificuldades em cerca de 10% das entregas, mas diz que a metade delas é resolvida quando a central negocia uma solução com o consumidor, repassando a informação ao entregador.

    As aéreas também estão de olho no setor de encomendas, usando as cargas como fonte de receita complementar. A TAM, por exemplo, é hoje a principal parceira da Direct Express por via aérea. A Azul Cargo nasceu em 2010 para disputar mercado, enquanto a Trip criou, no mês passado, uma subsidiária para o mesmo fim. Na GolLog, braço de encomendas da Gol, o movimento cresceu 60% no ano passado, segundo o diretor de cargas da companhia, Carlos Figueiredo. "Buscamos uma fatia do mercado dos Correios, incluindo o comércio eletrônico", diz. O executivo afirma que é possível ser competitivo em relação ao preço do Sedex, já que os 960 voos diários da companhia decolam com ou sem o faturamento adicional gerado pelos pacotes.

    De acordo com Flávio Dias, diretor de e-commerce do Walmart no Brasil, a variedade de fornecedores é um antídoto a dores com reclamações de clientes. Hoje, a gigante americana trabalha com 17 parceiros logísticos - assim, explica o executivo, é possível substituir rapidamente uma empresa que tenha dificuldades em realizar entregas.

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  2. (CONTINUAÇÃO)

    Peças. Outro mercado que alimenta a movimentação de encomendas de até dez quilos é o de transporte de peças para assistência técnica e indústrias. Originada a partir da antiga Vaspex, a JadLog transporta itens de reposição para as montadoras Ford, Volkswagen e JAC.

    Com receita prevista de R$ 260 milhões em 2011 - alta de 40% sobre o ano passado -, a companhia tem 30 pequenas aeronaves próprias e neste ano firmou parceria com a Total Linhas Aéreas para operar um avião de maior porte.

    Nesse nicho, a JadLog vai bater de frente com gigantes internacionais como UPS e DHL. A UPS pretende mais do que dobrar sua área de atuação no segundo semestre, atingindo mais de 200 cidades. O transporte entre empresas é atrativo porque abre espaço para a cobrança de preços mais altos. Enquanto as margens do varejo online são apertadas, o atendimento a encomendas essenciais prioriza o fator tempo. "O posicionamento é de serviço premium", afirma Juliana Vasconcelos, diretora de marketing da DHL Express.

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  3. É preciso lembrar que, para se preservarem os empregos nos Correios, primeiro é preciso que eles existam, o que não vai acontecer por muito tempo se a ECT não melhorar a sua performance.

    J.

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