segunda-feira, 6 de junho de 2011

'Queremos resgatar a imagem dos Correios'

Autor(es): Flávia Barbosa e Geralda Doca
O Globo

Presidente quer modernizar empresa, apostando na área digital. Estatal deve "ir às compras" e participar do trem-bala

BRASÍLIA. Wagner Pinheiro assumiu a presidência dos Correios em janeiro. Nestes cinco meses, diz, dedicou-se a solucionar pendências, como as licitações da Rede Postal Noturna e de compra de insumos básicos. Outro alvo de sua atenção foi a reformulação do estatuto da empresa, com o objetivo de abrir suas portas à modernização. Agora, segundo ele, a estatal está "em condições de ir às compras" e entrar em negócios como o trem-bala. A meta dos Correios é atender 100% do país e aumentar, até 2014, o lucro em 50% - em 2010, o faturamento foi de R$826 milhões. "Existia uma retração no andamento da administração da casa", reconhece Pinheiro.

O senhor assumiu os Correios em um momento delicado, após o surgimento de suspeitas e problemas em diversas áreas. Que balanço faz desses cinco meses de gestão?

WAGNER PINHEIRO: Acho que esses cinco meses foram exitosos. Fizemos a mudança no estatuto, que dá uma nova configuração ao organograma da empresa, que passa a ser idêntico ao das mais modernas. Vieram possibilidades de novos negócios e normas, que fazem com que nós tenhamos de modificar a forma de administração para dar mais transparência.

Quais ações foram as mais relevantes?

PINHEIRO: Fizemos o concurso público em maio, e, a partir de julho, começamos a contratar novos funcionários. Atualizamos os leilões da Rede Postal Noturna, que estavam defasados, e o transporte aéreo de carga voltou à normalidade. Por volta do dia 15, vamos chamar uma audiência pública para discutir o novo modelo para os franqueados. Aprovamos ainda o novo planejamento estratégico.

O que prevê esse plano?

PINHEIRO: Tem como meta atender 100% da população até o fim de 2014; aumentar em 50% o resultado da empresa e melhorar os índices de satisfação com os Correios.

Não são planos muito ousados diante das deficiências?

PINHEIRO: Precisamos usar melhor os recursos de que dispomos. Um exemplo pitoresco foi a licitação de caixetas (caixas grandes de acrílico) que, desde 2004, os Correios não compravam. Insumos para o transporte de carga estavam com licitação atrasada, como empilhadeiras. Também faremos contratações para atualização tecnológica.

O senhor assumiu uma empresa atrasada?

PINHEIRO: A função da nova diretoria é resgatar a imagem dos Correios perante a população brasileira. Existia uma retração no andamento da administração da casa em função de alguns problemas nos últimos anos. Isso levou à retração da administração como um todo.

O resgate da imagem passará por campanhas na mídia?

PINHEIRO: Trabalhamos numa campanha para falar mais à população sobre o que os Correios fazem. A maioria não sabe que há telegrama e carta pela internet ou selo personalizado, por exemplo.

A área digital terá prioridade no plano de expansão?

PINHEIRO: Queremos incrementar o Correio Digital o quanto antes. Queremos fortalecer instrumentos que já usamos. Por exemplo, uma pessoa que sai do Norte e vem trabalhar em Brasília, mas a família lá não tem computador, pode mandar uma carta pela internet, pelos Correios, que imprime e entrega ao destinatário na forma tradicional.

Como esses serviços serão incrementados?

PINHEIRO: Fazendo uma parceria com uma prestadora de telefonia celular, por exemplo. Ela emite em meio eletrônico todas as faturas e nos envia. A gente manda para todo o Brasil, imprime no destino, envelopa e entrega. Isso é fazer mais do que simplesmente entregar carta.

O Sedex, que enfrentou problemas, terá reformulação?

PINHEIRO: Vamos iniciar um piloto no interior de São Paulo com cerca de cem celulares para os carteiros que fazem Sedex 10. Vão pegar códigos de barras e a assinatura da pessoa e transmitir via celular para a origem, informando que a encomenda já foi entregue.

Os Correios vão virar certificadores digitais?

PINHEIRO: Estamos fazendo um trabalho para sermos um grande certificador digital, usando todas as vantagens, como a capilaridade. Temos uma possível parceria com o Serpro e estamos trabalhando com as secretarias estaduais de Fazenda para viabilizar esse planejamento, em razão da exigência da nota fiscal eletrônica.

E a entrada dos Correios no projeto do Trem de Alta Velocidade?

PINHEIRO: Estamos estudando critérios para dizer aos consórcios que temos disposição de colocar recursos. Mas, para isso, a gente quer uma vaga no conselho fiscal, na governança. A gente quer ser sócio de uma empresa que nos dê a garantia de transporte de carga de madrugada de determinada tonelada, a um preço menor que o do mercado, e espaço de armazenagem ao longo do trecho (Rio-São Paulo-Campinas).

Com quem os Correios já conversaram?

PINHEIRO: Já conversamos com o BNDES e com dois consórcios.

A maior parte do transporte de carga está no eixo Rio-SP?

PINHEIRO: São 40 caminhões saindo todo dia do Rio para São Paulo e 20 voltando. O trecho representa 47% da carga em geral.

E quais são os planos para o Banco Postal com a entrada do Banco do Brasil?

PINHEIRO: Queremos ser agentes de crédito do Microempreendedor Individual, que já atraiu mais de um milhão de pessoas, em parceria com o BNDES e o Banco do Nordeste.

A presença do Fedex e outros concorrentes estrangeiros no Brasil assusta?

PINHEIRO: Essa concorrência é forte e acirrada e nos obriga a sermos mais eficientes para aumentar nossa participação no mercado de 30% para 45% ou 50% a médio e longo prazos. Às vezes, aparece uma pequena empresa de logística, que tem uma operação redondinha mas perdeu a mão na administração financeira e está à venda, e vinha uma DHL e comprava e ganhava um pedacinho do mercado. Agora, a gente vai poder participar disso.

Fonte: Clipping Ministério do Planejamento

3 comentários:

  1. Atenção população: Logo todos terão que selar as suas cartas nos balcões das agências de Correios, isso se tiver selos! A ECT vai recolher todas as maquinas de franquear cartas. Invés das cartas serem estampadas com seus preços nos envelopes pelas maquinas, o consumidor terá que comprar os selos com as atendentes e selar. É ou não é um absurdo? Vamos colocar a boca no trombone, vamos exigir que sejamos tratados com respeito, vamos fazer valer nossos direitos!

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  2. “A ECT E O FRANQUEAMENTO DE CARTAS”
    Denúncia:
    Fatos a ser considerado pelo governo considerando que segundo o Art. 21 CF/1988: “ Compete à União incisoX: manter o serviço postal e o correio aéreo nacional”
    Em agosto de 2008 o Plenário do STF, por maioria, julgou por meio da “Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental” (ADPF 46) em favor da União, pela manutenção do monopólio na forma estabelecida pelo artigo 9º, incisos I,II e III da lei 6.538/1978;
    Em 22 de outubro de 2008, por meio de um Decreto foi instituído um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) que contou com a participação de representantes da Casa Civil da Presidência da República, do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Ministério das Comunicações e da ECT, identificou problemas e elaborou um conjunto de propostas de diretrizes para a modernização da ECT, a fim de dota-la dos
    instrumentos necessários para atender aos desafios da expansão e da melhoria da qualidade na prestação do serviço postal no País;

    Em 28 de abril de 2011 por meio do documento interministerial nº 00013/MME/MF/MDIC/MAPA/MC/MP, foi encaminhada à Presidência da República uma proposta de Medida Provisória, que visava implementar as propostas de modernização para ECT discutidas pelo GTI;

    Em 16/05/2011 foi editado o Decreto nº 7.483 aprovando novo Estatuto Social da ECT que em seu artigo 4º, também referenda o monopólio em favor da União no franqueamento de cartas estabelecido pelo artigo 9º, incisos I,II e III da lei 6.538/1978 – a “lei postal”:
    Art. 9º da lei 6.538/1978: São exploradas pela União, em regime de monopólio, as seguintes atividades postais:
    I - recebimento, transporte e entrega, no território nacional, para o exterior, e a expedição de carta e cartão-postal
    II - recebimento, transporte e entrega, no território nacional, e a expedição, para o exterior, de correspondência agrupada;
    III - fabricação, emissão de selos e de outras fórmulas de franqueamento postal.
    Em maio de 2011 as agencias franqueadas dos Correios começaram a ser comunicadas que a ECT, recolheria as máquinas de franquear cartas, hoje alocadas nas agencias. Porém se a franqueada arcar com o custo de locação das máquinas e insumos, poderá por um prazo adicional manter o franqueamento eletrônico ou voltar à “era dos selos”.

    Por meio de perícia imparcial, visto que o assunto é técnico, o governo, responsável pelo serviço postal do país, pode constatar os seguintes problemas:

    1º) Não existem selos disponíveis, a falta é histórica;
    2º) Ainda que selos houvessem, a quantidade hoje demandada, aliada ao local de destino, especialmente para o exterior, aliadas ao monopólio vigente, impossibilitam o retrocesso proposto, ou seja “o franqueamento de cartas por selo”;
    3º) A agencia franqueada comercializa os produtos e serviços postais como qualquer agencia própria dos Correios. Porém com investimento financeiro e administrativo próprios, devem manter uma equação econômica que lhes permita operar com segurança financeira e, não com o déficit suportado pela maioria das agencias próprias.

    O franqueamento de correspondências, seja por selo, seja por máquina ou qualquer outro meio é a essência do serviço postal, que como os demais serviços públicos deve ser prestado com eficiência, regularidade e economicidade.

    No caso, a ECT que já foi referencia de serviço público no país e, mundialmente pelo serviço postal, mais uma vez tenta passar à sua rede de agencias terceirizadas o ônus decorrente de uma gestão omissa, carente de planejamento e de visão, não somente do futuro, mas alheio à realidade presente.

    Caso as agencias franqueadas não tenham condições de absorver o custo das máquinas de franquear correspondências, terão de recusar o seu recebimento.

    È assim que se mantém o tão justificado monopólio ou o privilégio postal da União?

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  3. Não será uma tarefa facil resgatar imagem dessa empresa nos momentos atuais. por que??

    Extraído de: Folha Online - 03 de Novembro de 2008

    "O procurador-geral da União Jefferson Carlos Carús Guedes pediu exoneração do cargo nesta terça-feira. Em carta, diz que seu objetivo é evitar desgastes à AGU (Advocacia Geral da União), depois da denúncia de que é réu em um processo criminal por formação de quadrilha. O advogado-geral adjunto da União, Fernando Luiz Albuquerque Faria, assumiu o cargo interinamente".

    A titulo de informação o Sr Jefferson Carús Guedes foi indicado nesta terça (22-06-11) pelo Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e eleito pelo Conselho Administrativo dos Correios para ocupar o cargo de Vice-Presidente da Área Jurídica da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). Vamos torcer pra dar certo.

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