sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Bomba-relógio nos Correios

Em novembro, a estatal pode perder 1.200 postos de atendimento. Contratos dos franqueados ainda não foram renovados

Juca Guimarães

Os Correios, alvos de denúncias nos últimos tempos, podem sofrer um apagão a partir de novembro. Terminam no dia 10 os contratos com as 1.425 agências franqueadas em todo o país e isso pode causar transtornos nos serviços, segundo a Associação Brasileira das Franquias Postais (Abrapost).

O governo prepara uma nova licitação e enfrenta uma enxurrada de liminares dos atuais franqueados, que não concordam com as novas regras e reclamam da redução na margem de lucro.

A confusão é mais uma herança da gestão de Erenice Guerra na Casa Civil: por determinação do presidente Lula, a prioridade da ministra foi reestruturar os Correios e, particularmente, cuidar da troca dos franqueados.
Segundo a Abrapost, os Correios demoraram para apresentar a proposta de renovação dos contratos, no final de 2009. Pela proposta, a margem de lucro dos franqueados mudaria de 40% a 10%, de acordo com o tamanho e o volume de negócios, para 29,5% a 5%.

Para Mário Renato Borges da Silva, chefe do Departamento de Relacionamento Institucional dos Correios, o entrave no processo é mudança da tabela de remuneração. "Essa é uma licitação ratificada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) que não tem como ser negociada. Unidades que não estejam dentro do novo contrato serão fechadas", afirmou. "Racionalizamos os custos. Por determinação do TCU. A rede franqueada também vai ter que racionalizar. Estudos técnicos dizem que a redução não inviabiliza processo algum de negócios", disse.

As agências franqueadas empregam 20 mil funcionários no país, mais de cinco mil deles só no estado de São Paulo.
"Os Correios não têm estrutura própria suficiente para garantir o mesmo atendimento sem as agências. A partir de novembro, vão atrasar as entregas dos boletos bancários e encomendas", diz Altair Albuquerque, de 60 anos, dono de uma franquia dos Correios em Carapicuíba, na Grande São Paulo. "Os clientes acostumados com as franquias não vão aceitar o serviço burocrático e pouco criativo dos Correios", falou.

Empresa afirma que agências próprias dão conta do recado

Segundo os Correios, será implantado um programa de contingência nas agências próprias, a partir do mês que vem, para manter o nível do atendimento.

Serão abertos mais guichês nas agências. Em algumas unidades administrativas, onde normalmente não são feitos atendimentos ao público, também serão instalados guichês.

Para os Correios, a atual rede de 12 mil postos próprios, nas 5.565 cidades do país, é suficiente para compensar a ausência dos franqueados. A receita dos Correios com as agências, que estão presentes em 437 cidades, é de R$ 4 bilhões por ano.

A assessoria da estatal informou que parte dos franqueados aceitou renovar o contrato. Das atuais 1.425 franquias, 215 aceitaram as regras proposta pela estatal. A meta é chegar a 500 até novembro.

Cronologia

Maio de 2005

Chefe do departamento de administração dos Correios, Maurício Marinho, é flagrado em vídeo negociando propina com empresários interessados em participar de licitação. Surge a CPI dos Correios

Outubro de 2007

A Justiça bloqueia bens das empresas aéreas Skymaster e Beta, acusadas de de fraudar licitação milionária dos Correios

Julho de 2010

Lula demite o diretor de operações dos Correios, Marco Antonio Marques de Oliveira, o presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, e o diretor de gestão de pessoas da estatal, Pedro Magalhães Bifano, para conter crise de gestão na estatal, com problemas graves na qualidade dos serviços

Setembro de 2010

A ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, pede demissão após denúncias de que seu filho, Israel Guerra, teria intermediado contratos de uma empresa de transporte aéreo MTA com os Correios mediante pagamento de propina. O diretor de operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues, entrega carta de demissão por ser ligado à empresa MTA

Fonte: Diário de São Paulo

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