quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Estatal de logística da ECT fica para o próximo governo

Ideia é deixar o projeto formatado e entregar a decisão para o próximo presidente

Rui Nogueira, Tânia Monteiro e Vera Rosa / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo


O governo não vai criar a empresa de logística dos Correios neste ano. A preferência, segundo apurou o Estado ontem, é deixar o projeto todo formatado, mas entregar a decisão para o próximo governo, que será eleito no dia 3 de outubro.
No estado de desorganização interna e gerenciamento caótico em que mergulhou, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), segundo uma fonte do governo, não tem condições de tocar dois processos essenciais: reorganizar-se administrativamente e tocar a implantação de uma subsidiária que investiria inicialmente cerca de US$ 400 milhões na compra de uma frota de aviões cargueiros.
O formato dos novos Correios, definido pelo governo, prevê que a ECT deixe progressivamente de ser uma coletora e entregadora de cartas para se transformar em uma grande empresa de logística de transporte e entrega de encomendas. "No mundo da internet e com a postagem cada vez menor de cartas, o futuro dela é como empresa de carga", disse ontem uma fonte do governo.


Os Correios vem registrando, nos últimos anos, queda no número de mensagens de pessoas físicas. Por outro lado, a empresa registra grande crescimento em outros nichos ligados à internet. Só o segmento de encomendas e entregas expressas, por exemplo, cresceu 22% ano passado.

O segmento de mensagem engloba três modalidades: a carta social e a carta não comercial (enviadas por pessoa física) e a carta comercial (enviada por pessoa jurídica). Não há volume separado por tipo, apenas o total. Estima-se que, desde o surgimento da internet, o número de cartas de pessoa física para pessoa física caiu cerca de 70%. Por outro lado, o número de correspondências de pessoa jurídica para pessoa jurídica ou de pessoa jurídica para pessoa física cresceu quase na mesma proporção.

O projeto de criação da empresa de logística da ECT prevê a compra, com financiamento do BNDES, de uma frota de 13 aviões usados, de grande porte, com preço médio de US$ 30 milhões por aeronave. Hoje, os Correios gastam em torno de R$ 350 milhões por ano com o aluguel de aeronaves a empresas como NTA, Rio, Airbrasil e Beta.

A ECT concorre com gigantes multinacionais do setor de logistica como FedEx, DHL e UPS, além das nacionais (TAM, Cometa, TNT e VarigLog). A empresa diz que sem aviões próprios fica dependente de uma média de apenas 12 horas de voos fretados, quando poderia atuar por 24 horas.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR