segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Brasil pode viver "apagão postal" a partir de novembro

Franquias. Contratos de franquias dos Correios chega ao fim e licitação para novas agências está suspensa

Cerca de 20 mil pessoas correm o risco de perder o emprego no país

ANA PAULA PEDROSA

O Brasil corre o risco de viver um "apagão postal" a partir de 10 de novembro, quando se encerra o contrato dos Correios com as 1.424 agências franqueadas em todo o país.

Está em curso uma licitação para novos franqueados, mas na maior parte do país há liminares que impedem a conclusão do processo. A expectativa da estatal é regularizar só 400 novas agências até novembro.

"O risco de apagão existe e é muito grande", diz o diretor institucional da Associação Brasileira de Franquias Postais (Abrapost) em Minas Gerais, Eduardo Kalab Castello. Ele explica que o processo de licitação começou em abril, mas foi suspenso pela Justiça por problemas no edital. Os mais graves são a exigência de agências muito maiores que as atuais e com um número de funcionários reduzidos.

Em Minas Gerais, a liminar foi cassada e o processo de licitação está em curso. Mesmo assim, Castello diz que o risco de apagão permanece, porque serão necessários pelo menos seis meses para que os vencedores adequem as agências atuais às novas exigências. Antes de cumprir tudo que está previsto no edital, as agências não podem funcionar.

Outro risco é de questionamentos posteriores à divulgação do resultado da concorrência. "Podemos participar da licitação, mas a dúvida é se vamos ou não assinar os contratos", diz.

Desemprego. Enquanto os empresários discutem a viabilidade do negócio, os funcionários dos Correios tentam salvar seus empregos. "O edital prevê, em média, cinco funcionários por agência. Hoje, qualquer agência tem pelo menos 20 funcionários", diz Castello.

Ele mesmo emprega 32 pessoas em sua franquia e tem uma difícil escolha pela frente. "Se eu participar do processo de licitação, tenho que demitir 28, porque só assim o modelo é viável economicamente. Se eu não participar, vou demitir os 32."

As agências franqueadas em Minas Gerais têm cerca de 3.000 funcionários e, com o novo modelo, 2.000 devem ser demitidos. Em todo o país, cerca de 20 mil pessoas correm o risco de serem demitidas.

Temerosos, cerca de 500 funcionários dos Correios fizeram manifestação ontem no centro de Belo Horizonte e farão outro protesto na segunda-feria, saindo da praça da Estação. "Daqui a 40 dias, todo mundo vai receber aviso prévio. Tem gente que trabalha nos Correios há mais de 15 anos", reclama Claudio Justo, que trabalha há dois anos e meio em uma agência franqueada.

Outro lado. Os Correios afirmam que não há risco de apagão postal. A estatal informou que está preparada para atender à população depois de 10 de novembro, quando se encerram os atuais contratos com os franqueados, e não há risco de um "apagão postal".

Para que a população não seja prejudicada, os Correios colocarão em prática um plano de contingência para garantir, de forma satisfatória, o atendimento, o acesso e a comodidade dos cidadãos aos serviços postais, bem como assegurar o cumprimento de todos os acordos comerciais até que a empresa possa recompor integralmente a sua rede de atendimento", diz nota da empresa. Os Correios salientam ainda que a licitação está sendo realizada por "determinação legal e judicial".

Perfil
Na web. A era digital mudou o perfil dos Correios. O envio de cartas não comerciais caiu 19% de 2006 a 2009, enquanto o volume de encomendas e cartas comerciais subiu 13%no mesmo período.


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Fatia

Franqueados têm 42% do faturamento
As agências franqueadas dos Correios representam 12% da rede da estatal no país, mas ficam com 42% do faturamento. Isso acontece porque as agências estão nas cidades mais populosas e têm boa parte dos contratos com as empresas. De acordo com o diretor institucional da Associação Brasileira de Franquias Postais (Abrapost) em Minas Gerais, Eduardo Kalab Castello, os franqueados oferecem os mesmos serviços que as agências próprias dos Correios, com atenção especial aos grandes clientes. “O franqueado manda um carro na empresa do cliente para processar internamente as encomendas e Sedex. Na agência própria, ele vai para a fila”, compara. (APP)

Fonte: Jornal O TEMPO

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