Colocado à prova Reportagem testou a eficiência dos Correios; de 25 cartas enviadas, nove chegaram com atraso
ADRIANA GIACHINI
Agência Anhanguera
amaral@rac.com.br
Em janeiro, o locutor de rádio Edgar Martins passou um sufoco quando o documento necessário para a conclusão do processo de financiamento de um imóvel —enviado ao escritório de advocacia em São Paulo— não chegou dentro do prazo de um dia útil dado pelos Correios. Além do receio de ter a carta extraviada, houve constrangimento diante da desconfiança se ele teria mesmo postado a correspondência, que só chegou quatro dias depois. “Foi uma situação muito chata. Mas, quando chegou, os advogados me disseram que outros clientes tiveram o mesmo problema e a mesma desconfiança”, contou Martins que, na segunda vez, preferiu pagar R$ 80,00 para um motoboy fazer a entrega. “Pelo menos, o documento chegou em duas horas”, disse.
Situações como a dele se repetem todos os dias. Contas entregues após a data do vencimento, convites que só chegam após a festa e encomendas atrasadas. Os Correios, cujo serviço sempre foi símbolo de eficiência, teve sua agilidade colocada à prova em um teste feito pela Agência Anhanguera de Notícias (AAN). Das 25 cartas enviadas, nove não chegaram dentro do prazo. O número equivale a 36% do total.
As correspondências foram postadas em quatro agências de Campinas, em bairros distintos, entre 16h e 17h do último dia 6 deste mês, e até a quinta-feira da semana passada cinco delas ainda não haviam chegado às mãos dos destinatários. Segundo os Correios, correspondências simples enviadas para bairros ou mesmo para São Paulo devem chegar sempre no dia seguinte à postagem. Porém, na prática, isso não ocorre. Das 25 cartas enviadas pela reportagem, 16 chegaram no dia seguinte, três com um dia de atraso e uma após quatro dias.
Entre as cinco cartas —20% do total— que não haviam sido entregues após nove dias de postagem, em uma o CEP não coincidia com o endereço. Mesmo assim, segundo os Correios, o prazo máximo deveria ser de três dias.
“Todos os dias trabalhamos com uma média de 2 milhões de objetos, entre os que chegam e o que saem, e não temos problemas com entregas. Fazemos estudos diários que garantem que 99,9% dos objetos estão dentro do prazo”, disse Everaldo Bastos Santos, de 36 anos, gerente de Atividade do Centro de Triagem de Cartas (CTC) dos Correios para onde as correspondências acabaram indo.
Questionado sobre o resultado do teste feito pela AAN, ele negou que exista problemas com o envio e recebimento de correspondências na região e afirmou que problemas pontuais podem ter ocorrido. “Preciso saber o que aconteceu com cada uma das cartas que não chegaram porque o problema pode ser pontual, além disso, dentro de um universo diário de trabalho de 2 milhões de objetos por dia, seria leviano dizer que 20% apresentam problemas. O que são cinco cartas em 2 milhões? Neste caso, a proporção é muito menor”, disse.
A reportagem não quis fornecer nomes e endereços das pessoas que participaram do teste para assegurar a privacidade. Já os Correios, pela assessoria de imprensa, informou que não poderia comentar os atrasos sem as informações das postagens.
As cartas que não chegaram foram endereçadas para residências localizadas em ruas asfaltadas, com logradouros oficiais e numeração em cumprimento às exigências do Ministério das Comunicações.
SAIBA MAIS
PARA QUEM O CONSUMIDOR DEVE RECLAMAR
Direito
A distribuição dos Correios é regulamentada pela Portaria n 311, de 1998, do Ministério das Comunicações. A distribuição em domicílio fica garantida desde que os logradouros estejam oficializados e possuam placas identificadoras; os imóveis possuam numeração e caixa receptora de correspondência; a numeração obedeça a critérios de ordenamento crescente, e os locais a serem atendidos ofereçam condições de acesso e de segurança de modo a garantir a integridade física do carteiro e dos objetos.
Esclarecimentos
Para esclarecimento sobre atrasos na contratação dos serviços dos Correios, a empresa disponibiliza atendimento em suas agências ou pelo telefone 0800-7257282.
Usuários dizem que já tiveram de pagar contas atrasadas
Enquanto os Correios garantem que não há problema, a população reclama. “Eu já recebi carta para pagamento depois do prazo e tive que pagar multa. Infelizmente, perdi a confiança na eficiência dos Correios”, disse o locutor Edgar Martins.
A crítica é semelhante à da estudante Andriele da Silva Costa, que mora em um bairro em que todos os moradores têm de receber suas correspondências em um supermercado da região. Segundo moradores, os carteiros não chegam ao bairro. O problema se arrasta há mais de dez anos. “É ruim porque fica longe da minha casa, mas é a única saída”, reclamou. “Com chuva ou com sol preciso vir até aqui. Já paguei conta atrasada por isso”, afirmou o ajudante geral Ananias Jesus da Silva Santos.
Segundo os Correios, o bairro não atende à portaria nº 311 do Ministério das Comunicações e, por esse motivo, a orientação é usar o endereço da Associação de Moradores, onde há uma Caixa Postal Comunitária. (AAN)
Reclamações aumentam
O Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), do Departamento Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor, registrou 875 queixas contra os Correios em 2009 nos 23 Procons do País, um número 73,26% maior do quem em 2008, quando 505 reclamações chegaram ao órgão. Porém, de acordo com o Procon, o mais indicado é recorrer a Justiça, já que na maioria dos casos as reclamações teriam relação com dano moral. O mesmo teste realizado pela Agência Anhanguera de Notícias (AAN) foi feito no Rio de Janeiro, pelo jornal O Globo, que apontou o problema de modo ainda mais agravante. Lá, das 25 cartas postadas apenas nove chegaram dentro do prazo previsto pelos Correios. Uma semana após o envio, sete cartas (28%) ainda não tinham sido entregues. A empresa admitiu problema com a frota de aviões. (AG/AAN)
Fonte: Gazeta de Ribeirão
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