segunda-feira, 18 de outubro de 2010

À beira do apagão postal

Mais de mil franqueadas dos Correios têm pendências na Justiça. Mesmo assim, tiveram seus contratos prorrogados por mais sete meses. Por quê? Porque há dificuldades na licitação para a renovação dos 1.424 pontos de franquia existentes no Brasil. E por que há dificuldades nessa licitação? Porque a direção dos Correios está doente há vários anos, contaminada pelos vírus do loteamento político e da incompetência.

O primeiro episódio revelador dos males que acometem o sistema postal brasileiro é de 2005. Cinco anos atrás, como é de conhecimento geral, o chefe de Contratação e Administração de Material foi filmado recebendo propina. O escândalo seria jogado no colo do PTB, a quem o loteamento da instituição reservara aquele setor. Na ocasião, o presidente do PTB veio a público e denunciou a existência de um sistema de compra de votos de partidos políticos para a aprovação de projetos de interesse do governo.

Foi o escândalo do "mensalão", detalhado nos depoimentos da CPI dos Correios. Vários depoentes admitiram que recebiam dinheiro. O tesoureiro do PT criou a expressão "recursos não contabilizados" para justificar as escusas manobras financeiras então promovidas. O publicitário da campanha do presidente da República confessou que abriu uma empresa num paraíso fiscal para que seu pagamento entrasse "por fora". O então ministro-chefe da Casa Civil caiu, denunciado como chefe do esquema.

O mais recente episódio revelador dos males que acometem o sistema postal brasileiro custou, de novo, a cabeça de quem chefiava a Casa Civil. A ministra caiu quando se constatou que seus filhos praticavam tráfico de influência, com evidências de que ela tinha conhecimento disso. Um dos casos envolvia uma empresa de transportes aéreos, cujos negócios dentro do governo seriam facilitados pela ação de um dos filhos da ministra.

Sabe-se agora que essa empresa está para fechar suas portas. Não em dinheiro para pagar o combustível dos aviões que emprega em suas operações. Sofre multas diárias porque não cumpre o contratado. Sabe-se agora, também, que o governo já perdeu a paciência com a atual diretoria os Correios, trocada há poucos meses porque a anterior era incompetente.

Por que não é trocada de novo a diretoria dos Correios? Porque há dúvidas, entre os integrantes do governo, sobre os danos que isso poderia causar à campanha da candidata oficial à Presidência da República. Prevalece uma vez mais a conveniência política, deixando o país inteiro à beira de um apagão postal no final do ano, quando o movimento nos Correios é mais intenso.

Fonte: Diário de S.Paulo

Um comentário:

  1. Interessante esta reportagem. Só que tem outras respostas! Os contratos foram prorrogados para resolver o problema do Correio, pois com certeza se os contratos não fossem prorrogados, o apagão postal seria fatal, pois o plano de contingência que eles tinham era furadissimo! E também porque eles previam um numero totalmente equivocado de AGFs funcionando. A maioria tinha liminar, e esta era uma das dificuldades na licitação.
    Para mim o maior motivo de tudo, foi o “plano” que eles tinham ter sido descoberto e assim ter ido água abaixo. O que eles não previam era que Deus é franqueado!
    È tudo muito claro. A ECT coloca um edital péssimo, cheio de vícios, economicamente e administrativamente inviável na rua para acabar, exterminar com as franquias. Com as agências fechadas, a ECT viveria um dos piores caos de sua história. Pronto, era tudo o que eles precisavam para contratar emergencialmente, sem licitação, a turma do “plano”..
    Quer saber, o Carlos Henrique Custódio foi mandado embora porque ele não fazia parte do plano e com certeza deve ter mostrado resistência em algum momento. Aí a Sra. Erenice Guerra pediu a cabeça dele e colocou no lugar o seu velho amigo David José Matos para dar continuidade no “plano”. Só que felizmente, graças a Deus, pois ele (DEUS) é franqueado, tudo foi descoberto.
    O interessante é que o Sr. David diz que a comissão que o novo edital vai pagar para o franqueado, pode ser mudada lá na frente, se for provado que o negocio não tem viabilidade econômica. Só que com a Total Linhas Aéreas ele liberou 2.8 milhões a mais que era permitido na licitação, pois o preço estipulado não contemplava todos os custos inerentes à operação. O preço na licitação era de 41.5 milhões e foi fechado por 44,3 milhões.
    Os franqueados já apresentaram estudo provando que não existe viabilidade econômica, que o negocio é muito ruim e que franqueado quebra em três meses. Só que o Sr. David não mostrou nenhum interesse. E olha que o TCU autorizou a ECT fazer as mudanças agora.
    Pode ter certeza, que por um acordo, o “plano” da Sra. Erenice Guerra vai ser investigado a fundo, só depois da eleição, pois se isso ocorresse agora, a Sra. Dilma não seria eleita.
    Em 2002, a ECT já passou por uma licitação desastrosa. Tentou licitar 3.000 ACCI (agência de correio de conveniência, instalada em outro negocio) e só houve 300 interessados. Os franqueados avisaram que seria desastrosa, pois não havia nenhum estudo de viabilidade econômica. Dito e feito, um ano depois, a ECT foi obrigada a aumentar a comissão destas lojas de 16% para 25,65% (esta porcentagem é maior do que contempla o atual edital das AGFs). Hoje somente 150 lutam bravamente para manter as portas abertas.
    Agora é só esperar para ver como tudo isso vai acabar. Esperamos que o “BEM” vença o “mal”

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