terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ameaça de demissão nos Correios

Franqueados e governo mantém impasse sobre a renovação dos contratos. Cerca de 35 mil vão receber aviso-prévio a partir desta semana

Juca Guimarães

O risco de apagão postal no país não foi totalmente afastado com a prorrogação, até julho de 2011, de todos os 1.424 contratos de franquias que a estatal tem com empreendedores. Nenhum dos pontos de discordância entre os franqueados e a direção dos Correios teve avanço nas negociações.

O impasse pode se transformar em greve e antecipar, em alguns meses, os problemas que a população vai enfrentar com o fechamento das franquias. Hoje os representantes dos donos de agências vão se reunir, em Brasília, para discutir a crise. Uma das soluções adotadas pelos empreendedores é o envio das cartas de aviso-prévio para os cerca de 35 mil funcionários. O comunicado seria entregue ainda esta semana aos trabalhadores. Entre os donos de franquias é forte a pressão para que se inicie uma greve. Atualmente, 42% da receita da estatal vem das lojas.

O prazo original para o cancelamento dos contratos terminaria no dia 10 de novembro. Porém, com a publicação de uma Medida Provisória na semana passada, o governo prorrogou para o dia 10 de julho do ano que vem o prazo final para a renovação dos contratos.

"Os empresários consideraram uma grande demonstração de boa vontade do presidente Lula em prorrogar o prazo, mas de nada vai adiantar se a direção dos Correios não abrir uma negociação", diz Marco Aurélio de Carvalho, advogado da Abrapost, associação dos proprietários de agências.

proposta

A Abrapost propõe a revisão dos pontos polêmicos da licitação, como a exigência de vagas de estacionamento na frente de todas as agências franqueadas e a redução na margem de lucro. "Em algumas cidades históricas, por exemplo, o prédio da agência é tombado. É impossível fazer uma reforma para adequar ao projeto", diz Carvalho.

Para os franqueados, o correto seria a criação de projetos compatíveis com a cidade onde está a agência. "Os editais de licitação têm problemas sérios de viabilidade. O que eles estão exigindo dos franqueados não existe na maioria das agências próprias dos Correios", diz o advogado da Abrapost.
Os Correios informam que vai demorar ainda uma semana a análise dos efeitos da prorrogação do prazo. A princípio, a direção do órgão trabalho com a possibilidade de renovar todos os contratos de franquias até a metade do ano que vem.
Outro ponto que preocupa quem tem agências e o sindicatos dos trabalhadores terceirizados dos Correios é a exigência de escolaridade. "Antigamente não era exigido. Agora querem, no mínimo, o ensino médio completo. Cerca de 30% dos funcionários mais experientes vão acabar perdendo o emprego", revela Carvalho.

Prova ainda é dúvida 11 meses após o início das inscrições

O maior teste do concurso para preencher 6.565 vagas nos Correios é o de paciência. Após uma série de adiamentos, o exame está programado para o dia 28 de novembro, onze meses após o início das inscrições. Porém, uma decisão liminar (provisória) da Justiça impõe a suspensão do exame.

Em todo o país, cerca de um milhão de candidatos aguardavam a definição sobre a data da prova. A estudante Mara Aparecida de Andrade, 24 anos, mora em Franca e fez a inscrição logo após a abertura do concurso, em dezembro de 2009.

"Paguei R$ 30 na taxa de inscrição e os Correios adiaram por três vezes a data da prova. O pior é a falta de informação oficial. Tenho que ficar atenta às informações publicadas pelos jornais porque os Correios nunca informam nada", diz a estudante.

Nos onze meses de espera pela prova do concurso da estatal, a estudante fez inscrição e provas em outro cinco concursos. "Foram dois para a Caixa, dois para o Banco do Brasil e um para o BNDES. Desses, eu passei em dois, porém como ainda não ocorreram as convocações eu não quero desistir dos Correios", diz a estudante.

Segundo os Correios, os adiamentos ocorreram por conta de problemas na escolha da empresa organizadora da seleção.
A estatal confirma, em nota no site, a realização do exame no mês que vem, apesar da liminar 5ª Vara da Justiça Federal de Brasília em favor da suspensão do processo de seleção.

Os salários oferecidos pelos Correios neste concurso variam de R$ 706,48 a R$ 3.108,37. O número de pessoas que desistiram do concurso e pediram o dinheiro da inscrição de volta nesses onze meses de espera não foi revelado pela estatal. "Deve ter muita gente que já deu um rumo na vida e que não vai mais querer fazer a prova".

A data anterior do concurso estava prevista para o mês de setembro, porém foi adiada. Os Correios contrataram uma empresa organizadora de concursos por R$ 26,5 milhões para fazer o exame. A contratação foi feita sem licitação e o Ministério Público Federal contesta a legitimidade do contrato. A decisão da 5ª Vara Federal acatou o pedido do Ministério Público.

Fonte: Diário de S.Paulo

3 comentários:

  1. Em defesa da privatização

    Rodrigo Constantino, O Globo

    “Não é função do governo fazer um pouco pior ou um pouco melhor o que os outros podem fazer, e sim fazer o que ninguém pode fazer.” (Lord Keynes)

    O PT resolveu apelar para a mesma tática de 2006: “acusar” os tucanos de privatistas. Alckmin cedeu na época. Serra não caiu na mesma armadilha. Como disse o candidato, o PT defende a era do “orelhão”, e quem é contra as privatizações deveria jogar no lixo seu moderno aparelho de celular.
    A idéia de um Estado-empresário vem de longe, mas não é difícil entender porque as estatais acabam mais ineficientes que as empresas privadas: faltam-lhes os mecanismos adequados de incentivo. As empresas privadas precisam oferecer bons produtos para sobreviver, e isso coloca o consumidor no topo das prioridades. O escrutínio dos sócios em busca de bons retornos garante a eterna busca por eficiência.
    O mesmo não ocorre nas estatais. Seus recursos vêm da “viúva”, e as empresas acabam atendendo aos interesses dos políticos e seus aliados. Costumam virar palco de infindáveis casos de corrupção. Enquanto os acionistas privados focam no longo prazo, pois seu patrimônio depende da capacidade futura de lucro, os políticos pilham as estatais de olho nas próximas eleições. Como Erenice Guerra sabe, o loteamento das estatais é prática recorrente no país.
    Quem lava um carro alugado? Cuidamos melhor daquilo que é nosso. É natural que as empresas privadas, portanto, sejam mais bem administradas que as estatais. O histórico delas oferece farta evidência disso: empresas paquidérmicas, ineficientes, deficitárias, verdadeiros cabides de emprego. As raras exceções comprovam a regra.
    Leia a continuação.

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  2. Os maiores gargalos da economia estão justamente nos setores dominados pelo Estado: portos, aeroportos, estradas. Coincidência? Claro que não. Para quem ainda não está convencido, o livro “A Guerra das Privatizações”, de Ney Carvalho, é leitura bastante recomendável. Mostra as origens do estatismo e como as privatizações a partir de 1990 foram essenciais para o avanço do país. Geraram mais empregos, riquezas e impostos. Só a Vale pagou quase R$ 5 bilhões de imposto de renda em 2009, o suficiente para meio Bolsa Família.
    Apesar disso, muitos ainda defendem o Estado-empresário. Confundem a propriedade estatal com o interesse nacional. Quase sempre ambos andam em direções opostas. O que interessa ao povo são empresas eficientes. Isso ocorre quando empresas privadas precisam sobreviver num ambiente competitivo, o contrário dos monopólios estatais protegidos da concorrência. Estes são adorados pelos políticos oportunistas, pelas máfias sindicais, pelos funcionários acomodados. Quem paga a conta são os consumidores. Vide a ineficiência dos Correios.
    Leia a continuação

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  3. A recém-nascida OGX, de Eike Batista, já vale a quinta parte da Petrobras, que perdeu mais de 30% de seu valor este ano. É o custo político afetando milhares de investidores que apostaram na estatal por meio do FGTS, por exemplo. Enquanto isso, o presidente da empresa parece mais preocupado em fazer campanha eleitoral, deixando transparecer a apropriação partidária da estatal. Os petistas levaram a sério o slogan “o petróleo é nosso”. O povo, entrementes, paga um dos preços mais altos do mundo pelo combustível.
    Privatizar não é pecado; ao contrário, é crucial para uma economia dinâmica e moderna, liberando o Estado para focar em suas funções precípuas. O mal do PSDB não é ser privatista, mas ser pouco privatista!
    É uma aula esse artigo
    ATT M. Oliveira - RJ

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