sábado, 25 de setembro de 2010

Governo realiza intervenção para isolar "efeito Erenice"

Sílvio Ribas (sribas@brasileconomico.com.br) | Correspondente do Brasil Econômico em Brasília

A intervenção do governo nos Correios, iniciada esta semana pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tenta desmontar as conexões entre a estatal e a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra.

Pouco mais de um mês após a primeira investida do ministro para conter a crise administrativa na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) — que culminou na exoneração do então presidente Carlos Henrique Custódio — seu esforço agora é para conter desgastes políticos eventualmente surgidos na estatal e que tenham origem em decisões tomadas por Erenice.

Parceira de Paulo Bernardo na missão delegada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em junho, de solucionar impasses na gestão da ECT, a então titular da Casa Civil não conseguiu se manter no cargo em razão das notícias sobre um suposto lobby envolvendo o marido e seus filhos.

E a denúncia mais recente sobre contratos de empresas privadas com o governo se refere aos Correios, que levou também o coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva, diretor de operações da estatal — indicado por Erenice — a pedir demissão na segunda-feira. Ele teria ligação com Master Top Linhas Aéreas (MTA), empresa aérea que assinou contratos emergenciais com os Correios válidos até 2011.

A atual intervenção amplia a carga de pressões de franqueados, que brigam na Justiça para mudar o edital de licitação dos contratos, e de empregados, que reclamam de sobrecarga de trabalho, sobre o novo presidente da estatal, David José de Matos.

Ele foi nomeado pela ex-ministra e, segundo fontes ouvidas pelo Brasil Econômico, estaria agora enfraquecido. Uma das filhas dele, Paula Damas de Matos, assessora na secretaria-executiva da Casa Civil e nomeada por Erenice em junho, foi inclusive exonerada "a pedido", conforme publicou o Diário Oficial da União de ontem.

Para parlamentares da oposição, a interrupção das férias do ministro do Planejamento mostra preocupação do presidente.

Pente-Fino

Com faturamento anual de R$ 13 bilhões e alvo há meses de denúncias de loteamento de cargos, os Correios estão passando por um pente-fino conduzido pelo seu diretor de Recursos Humanos, Nelson Luiz Oliveira de Freitas.

Ele é nome de indicação de Paulo Bernardo. O diagnóstico alcança todos os indicados por Erenice e ligados ao PMDB: o próprio presidente e o responsável pela área comercial, Ronaldo Takahashi.

Também é objeto de análise o plano de contingenciamento de mais de R$ 400 milhões, montado pela diretoria para evitar um "apagão postal" em novembro, compensando um eventual fechamento da maior parte dos 1,4 mil pontos da rede franqueada não renovados pela licitação em curso.

"Contratos emergenciais são previstos por lei, mas podem suscitar dúvidas", diz o diretor do sindicato nacional dos carteiros, José Rivaldo da Silva. Para ele, a contratação de 10 mil temporários só esconde questões estruturais.

O deputado Cláudio Diaz (PSDB-RS) acredita que a intervenção faz parte da estratégia do governo de evitar que suspeitas envolvendo a Casa Civil em 2009 respinguem na presidenciável Dilma Rousseff (PT), ex-titular da pasta.

Ele classifica de "soberba" a decisão dos Correios de manter contratos com a MTA, sob investigação do próprio governo.

Fonte: Brasil Econômico

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