terça-feira, 20 de julho de 2010

Vem aí uma nova estatal, dos Correios

Com o objetivo de incrementar o serviço de entrega de encomendas, o governo deve editar até o fim do ano uma medida provisória (MP) criando uma subsidiária dos Correios na área de logística. A informação foi dada ao GLOBO pelo presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio. Para ele, o setor de encomendas é um grande filão da empresa, especialmente com a expansão do e-commerce (comércio via internet).

No ano passado, o segmento de encomendas e expressos dos Correios cresceu 22%. Esse mercado não é monopólio da empresa, lembrou Custódio, e os concorrentes atuam, sobretudo, no Sudeste.

— O nosso negócio hoje é ser uma empresa com foco em logística.

Acho que essa é a solução para os Correios de todo o mundo. Deixar de ser só um entregador de cartas e ser um operador logístico — disse.

Ele não deu detalhes sobre a subsidiária, como número de funcionários, orçamento e localização.

Disse que a hipótese de a empresa ser criada por MP é forte, porque o modelo é mais rápido e há um forte apelo em função dos problemas que os Correios enfrentaram com as aeronaves que deixaram de voar “do dia para a noite”. Custódio se referia à crise no início do ano, com atrasos em entregas por falta de pessoal e aeronaves.

Com e-mails, são um bilhão de cartas a menos Para Custódio, não haverá resistência de outras empresas de encomendas. Elas já usam a estrutura dos Correios.

— Além disso, o Congresso seria fiador deste modelo, porque os Correios são um fator de segurança nacional. Está em todos os municípios brasileiros e chega a todos os lugares com mais de 500 habitantes. Ao mesmo tempo, há mais de seis mil pontos de vendas on-line.

Segundo ele, os Correios têm hoje uma despesa de R$ 400 milhões com o segmento aéreo de encomendas. A nova empresa nasceria com esta receita e teria os Correios como principal cliente.

O e-commerce cresce cerca de 30% ao ano no Brasil e tem margem para avançar mais.

A internet, com a telefonia celular, também causou estrago nas receitas dos Correios, com a substituição das cartas por emails e mensagens eletrônicas (SMS). Nos últimos cinco anos, a empresa deixou de arrecadar cerca de R$ 650 milhões neste tipo de correspondência, o equivalente a um bilhão de cartas.

— O SMS é um dos maiores concorrentes dos Correios no segmento pessoa física. No aniversário, no Natal, dificilmente você recebe um telegrama ou uma carta, recebe um SMS — disse Custódio.

Ele admitiu que é necessário melhorar a infraestrutura, sobretudo no setor de aeronaves.

Revelou que a empresa está bastante interessada no Trem de Alta Velocidade, que fará o trecho Rio-São Paulo-Campinas.

Um caminho seria os Correios se tornarem parceiros da empresa que ganhar a licitação.

Serviço de carga segue ainda modelo antigo O transporte aéreo da estatal é feito pelo modelo antigo da Rede Postal Noturna (RPN), que carregava passageiros de dia e carga à noite. As aeronaves usadas pelos Correios são contratadas por pregão eletrônico, o que não permite que estas empresas ofereçam modelos maiores e melhores. A contratação, pela Lei 8.666, é de no máximo cinco anos. Durante a crise operacional no início do ano, duas aeronaves foram proibidas de voar pela Agencia Nacional da Aviação Civil (Anac) por problemas de ruído.

Fonte: O Globo