Por meio de um acordo firmado com o GDF, ECT assumirá a responsabilidade de armazenar e distribuir medicamentos - atribuição que era da Secretaria de Saúde
Até o final de julho, a logística de armazenamento e distribuição de medicamentos no Distrito Federal deve ser assumida pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Um acordo para que o grupo estude o setor e avalie os recursos que serão necessários para assumir o serviço foi assinado ontem pelo governador do DF, Rogério Rosso, e pelo presidente dos Correios, Carlos Henrique Almeida Custódio. Agora, a empresa tem até 60 dias para apresentar o planejamento final e, a partir daí, assumir os serviços.
Atualmente, tanto o estoque quanto o repasse de medicamentos para os hospitais da rede pública e demais unidades de saúde são responsabilidade da própria secretaria. Com a mudança, o Governo do Distrito Federal (GDF) pretende não só dar agilidade ao reabastecimento como também reduzir custos da pasta. “A empresa já começou os estudos para atender às nossas necessidades. Queremos colocar esse serviço nas mãos de quem é mais experiente e, com isso, servidores da Secretaria de Saúde(1) que hoje ocupam essas funções poderão ser remanejados para outros serviços”, explicou Rosso.
Essa será a primeira vez que os Correios realizam um trabalho do gênero e com tamanho porte no Brasil. Em Alagoas, a empresa já faz o trabalho de entrega de medicamentos, mas de forma pontual. Já em São Paulo, a ECT participa de um programa que distribui leite para prefeituras. “Acreditamos que, pela nossa experiência, temos total condição de maximizar o uso e melhorar o fluxo de entrega de medicamentos no DF”, afirmou o presidente da ECT, Carlos Henrique Custódio. Entre os serviços que serão assumidos pela empresa, está a entrega de remédios nas casa de pessoas impossibilitadas de ir aos postos e farmácias de distribuição. “Essa será a parte mais sensível do nosso trabalho, mas é o nosso dia a dia e temos certeza que será uma experiência de sucesso”, destacou Custódio.
Capacitação
De acordo com o secretário de Saúde do DF, Joaquim Barros, há cerca de 30 dias, a ECT acompanha o trabalho de distribuição de medicamentos feito pela pasta. Na última semana, técnicos visitaram o Parque de Apoio da secretaria, localizado no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA), para conferir os estoques. “Passando essa responsabilidade para os Correios, não teremos mais o problema de que certa unidade de Saúde está sem medicamento porque a regional não tem um veículo para ir buscar os produtos”, considera Barros. Ainda de acordo com o secretário, também será mais fácil controlar os remédios cujos estoques estão em níveis críticos. “As solicitações para reposição serão automáticas. Poderemos dar mais assistência à parte de vigilância à saúde, sabendo que não está faltando medicamento lá na outra ponta do processo”, avaliou.
Enquanto a ECT não assume o controle, a responsabilidade pelos estoques de medicamentos de alto custo da secretaria foi repassada para a Diretoria de Farmácia. A seção havia sido extinta em 2008, quando o controle passou para a Unidade Administrativa Geral (UAG) da pasta, o que vinha atrasando as compras. Além disso, a descentralização financeira(2) para que hospitais do DF tenham recursos e adquiram instrumentos básicos para o funcionamento hospitalar — o que inclui alguns medicamentos e itens de primeiros socorros — deve ser colocada em prática ainda no início de junho. Os recursos recebidos vão variar entre R$ 30 e R$ 300 mil, de acordo com o orçamento de cada hospital. “Os profissionais responsáveis por controlar esses gastos em cada unidade estão passando por um curso que termina hoje. A partir daí, basta a assinatura da portaria para que a descentralização passe a valer”, afirmou Barros.
1 - Falta interesse
Dos 90 anestesistas chamados este mês pela Secretaria de Saúde para assumir vagas na pasta, apenas oito se apresentaram. Já dos 150 clínicos-gerais requisitados após aprovação em concurso, somente 15 tomaram posse. O GDF afirmou que convocará novos profissionais e avaliará medidas para resolver o problema de desinteresse por parte dos selecionados.
2 - Distribuição de recursos
O Programa de Descentralização Progressiva de Ações da Saúde (PDPAS) foi instituído na tentativa de agilizar a solução dos problemas emergenciais do setor da Saúde. Por meio da medida, recursos destinados às regionais de saúde deverão ser utilizados na aquisição de materiais de consumo e medicamentos, bem como na realização de reparos nas instalações físicas de centros de saúde e hospitais.
Fonte: Correio Braziliense
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